8 de novembro de 2010

Atualmente a questão acerca da competência das mulheres no desempenho de diversas funções, dentre elas inclusive as tradicionalmente realizadas pelos homens, tem sido colocada em pauta. Diferente do quadro de alguns anos atrás, é mais aceita a idéia, nos dias de hoje, de que a mulher tem plena capacidade de exercer funções tipicamemte masculinas, e sua inserção nessas atividades têm sido cada vez maior. Durante anos a classe feminina lutou e ainda luta por direitos e oportunidades iguais aos dos homens, principalmente no quesito mercado de trabalho. E com razão. É importante que qualquer profissiona, independente se sua cor ou sexo, seja reconhecido pelo seu desempenho, pela sua inteligência, pelas suas qualidades. É inaceitável que por puro preconceito, qualquer cidadão seja impedido de exercer uma função, visto sua qualificação para tal. É preconceituoso de nossa parte não admitirmos as competêncisa de uma pessoa, devido a alguma diferença de gênero.

E sendo assim, é extremamente importante para a sociedade brasileira ter uma mulher ocupando pela primeira vez,o cargo da Presidência da República. É importante que as mulheres tenham esse estímulo, e esse exemplo, de que é possível chegar a lugares não antes alcançados. Assim como é um orgulho, saber que a sociedade pode estar vencendo mais um obstáculo no que diz respeito ao preconceito.

Porém, dada a importância de não se estabelecerem preconceitos quanto ao gênero feminino, é igualmente importante que não se incorra no erro de promover esse preconceito em relação ao homens.

Sei que o quanto pode parecer absurdo uma mulher defender o não preconceito aos homens, mesmo numa sociedade altamente machista, porém, acho importante que a discussão sobre o preconceito, tão inflada nos dias de hoje, não se torne uma discussão sobre como as mulheres são melhores do que os homens. Estaremos assim iniciando um processo igualmente preconceituoso e discriminatório.

Infelizmente, depois da vitória de Dilma Rousseff como presidente do Brasil, foi dado início ao meu ver, a uma guerra contra os homens. Após a euforia e o sentimento de conquista compartilhado por todas as mulheres, dado o fato até então inédito no país, vejo um cilma de femilização desmedido. Dia após dia as manchetes anunciam milhares de possíveis mulheres em diversos cargos. Considero um avanço enorme para o país sim, se estas mulheres estiverem sendo nomeadas para seus cargos por reconhecimento de sua competência e habilidade para ocupá-los, e não simplesmente por serem mulheres!

É inacreditável que após vencida uma grande barreira na questão do preconceito, esteja sendo dada a largada para outro tipo de disputa discriminatória. Uma disputa onde os mulheres estarão a frente de uma infinidade de cargos no novo governo, não importando sua qualidade para tal, e sim pelo fato de serem mulheres, e com isso iniciando uma guerra dos sexos contra os homens.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101107/not_imp636184,0.php

Estamos diante da formação de um clube das mulheres, sendo escolhido pela representação social, cultural e política que estas mulheres terão, e não por suas qualificações, compondo com isso, um quadro de enorme discriminação, partindo do pressuposto absurdo de que é preciso que ajam mais mulheres na nova composição do governo, simplesmente por ser o governo da primeira mulher presidente do Brasil. Com isso, trava-se uma luta contra os homens na tentatva de impor o mesmo comportamento discriminatório tão reclamado pelas mulheres.

Foi o presidente Lula quem pediu para sua herdeira levar um time feminino ao governo. Será um gesto simbólico para mostrar que elas podem “chegar lá”. No primeiro discurso, na noite da eleição, Dilma sinalizou que seguirá a recomendação e tratou o assunto como “compromisso”.

Um gesto simbólico, dando início e legitimando o preconceito.

Esse é o futuro do país.

Pronto, falei. Por que já fiquei calada, hoje não fico mais.

Um comentário:

  1. Olá, Karyme! Gostaria de primeiramente parabenizá-la pelo blog. Sou recém-graduada em Economia e acho importante iniciativas como a sua em trazer discussões sobre, digamos, a Economia "real".

    Concordo com o que você disse em seu post sobre defender que as mulheres devam assumir cargos de liderança por causa de sua competência e não somente pelo fato de serem mulheres.

    Entretanto, permito-me aqui fazer um exercício de digressão: a enorme quantidade de mulheres no governo Dilma estaria associada a um "superprotecionismo" - na medida que foram escolhidas basicamente por serem mulheres - ou à oportunidade que mulheres igualmente ou mais competentes que os homens alcançassem o poder?

    Reitero que a sua posição de preocupação com a competência é extremamente válida e compartilho dela, mas, embora o preconceito contra as mulheres esteja diminuindo, ele ainda existe (vide diferencial de salários entre homens e mulheres no mesmo tipo de emprego).

    Desejo sim que as oportunidades sejam dadas igualmente para todos, independente de sexo, cor e idade, para que não sejam necessárias iniciativas como cotas para mulheres na Câmara ou no Senado, ou a "superlotação" de mulheres em conselhos de estatais, e que as mulheres possam chegar a cargos de liderança, pela sua competência.

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